quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Uma certa vez...

Era uma vez um cara e uma “cara”... Não necessariamente nesta ordem eles se conheceram e se identificaram, tanto como objeto quanto como indivíduo. Ela, não era o que ele esperava e ele era o que ela “imaginava”, e assim viviam intensamente os efêmeros momentos lascivos que o acaso lhes proporcionavam.
Perante a tal conjuntura, tão rápida e saciável, perderam a noção de valores, certo e errado e quando eles deveria ouvir sininhos e  sentir voarem borboletas no estomago, viram “ trevas” com luzes de néon, ou como se define puerilmente o estado extasiante que uma relação aventureira poderia causar. O coração mudou de lugar.
O grau de esperteza era disputado entre eles, assim como a repulsa por tudo que fosse piegas e tudo que se associava ao amor. Entre uma linha tênue que se separa a emoção da razão a vontade de se falarem todos os dias não era o bastante para demonstrar para estes dois parvos o que estava acontecendo.
Mas ela teve um relampejo de sanidade e pensou que foi esperta. Propôs ser somente amiga do cara e foi aí que tudo desandou. O encanto inicial que vem acompanhado de boas expectativas acabou com a tentativa frustrada de definir o futuro, mas ela não era Deus e não poderia dar conta de tal tarefa. Tão petulante que era, não percebeu que fez a coisa ao contrário do proposto, não pensou que ser amiga implicava em se embrenhar nos mais profundos sentimentos que possa existir, aqueles que vêm com choro em confissões desesperadas.
Os laços foram se tornando mais fortes com direito a nós de marinheiro, e entre todos os sentimentos, oscilavam sempre entre raiva, companheirismo e tesão, com uma dose generosa de carinho que logo já era apagado com uma risada de deboche de qualquer um dos dois, se não, de ambos.
A tentativa de fugir pra qualquer e onde fosse sempre assombrava essas duas lamentáveis criaturas, tão insolentes com relação aos seus próprios corações e com outros corações também, nunca se viu dois seres tão parecidos sem nenhuma autopiedade e longe de querê-la ter.
E assim se fez, ela correu, correu, correu tanto sem olhar pra trás que não conseguia parar... Visitou dois lugares, Alysson e Iglésias, mas saiu sem história alguma pra contar, pouca coisa viu de belo que possa recordar.
Já ele, a chamava de Trevas, mas tão escuro e misterioso era o próprio que foi embora pra bem longe e ninguém mais ouviu falar. Quando ela soube, já era tarde, ela não era a “cara”, e não tinha mais lugar... Estava condenada a um limbo particular, onde buscava nas artes, uma felicidade fugaz.
Esta é uma história sem final feliz, mas é um romance do século XXI, onde as casualidades não são só simples fragmentos, pois só elas existem para que nós apeguemos e possamos construir algo, um momento que seja. Esta é só uma simples história onde ninguém tem culpa de nada, tampouco papel principal. Porque pra certas coisas na vida é preciso ter dom, e estas duas criaturas não tinham o dom de amar.

 Por Juliene Leão
00.25 hrs
23/10/08

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