segunda-feira, 30 de setembro de 2013

TRINTA DE SETEMBRO DE DOIS MIL E TREZE

Na chamada "era digital" tenho notado um novo tipo de comportamento. A necessidade de desabafar para milhões de pessoas, ao mesmo tempo achar que ninguém está vendo. Expressar se por meio de caracteres, figuras, fotos. Mostrar se demais, ou algo que não existe. Frases prontas, defesas, amigos em tela. Conhecer todo mundo e não conhecer ninguém.

"Indireta" passou a ser a palavra mais utilizada do momento, acompanhada das famosas  hashtags. Ficar longe dos amigos não existe mais! Vê lo no quadradinho já basta. As novidades se conta na linha do tempo.

Um simples "vi e não respondi" é uma ofensa. Abraços ficaram escassos. Tudo é satisfatório, menos atingir a felicidade. E o amor... Ah o amor! É escancarado e deletado a todo instante. Há quem fale muito sobre ele, entre frases de Caio Fernando Abreu e C.L. Até Lispector, sempre tão intensa foi abreviada!

Tenho reparado que quando falo obrigado pro caixa do super mercado ou dou tchau e bom dia pra ascensorista, me olham assustados. Ás vezes ouço a resposta em tom amistoso, as vezes não ouço, ou por automatismo, não espero.

As pessoas se encontram, às vezes. Mas paira um silêncio, afinal, tem que se checar a time line. Mais de "10 novas  histórias" por minuto. Nunca se ouviu tantos casos de insônia.

Os crimes são outros, os tempos também. A efemeridade ficou fugaz, pleonasmos não soam mais mal. As roupas não podem ser mais repetidas. Vidas em álbuns, desatualizadas cada dia. A morte também! Tem gente que acha que tem facebook no além!

Dizem que é praticidade, mas vejo um retrocesso e lembro de pinturas rupestres. Ninguém mais olha em olhos verdadeiros, ninguém mais parece ter olhos verdadeiros, porque olho no olho agora é démodé.

O ontem é um passado muito distante e se quiser esquecer? Basta um click.




3 comentários:

  1. Essas histórias sempre existiram, invisíveis. Facebook está se tornando o inferno de Sartre.

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  2. Sim amigo... Uma pena! aliás... Há muito tempo não te abraço! ;)

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  3. Tanta verdade!Tenho saudades do tempo em que a tecnologia não havia tomado conta da nossa vida.Curtíamos a vida bem mais.Tudo tinha cor, sabor e tato.Agora, infelizmente nada será igual novamente.Adorei o texto.Parabéns!
    Bjs Eloah

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