segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Cartas ao passado

Belo Horizonte, 06 de janeiro de 2015

Querido A.A,

 Já não moro mais naquele apartamento, aquele que um dia, despretensiosamente adesivei uma frase sua e colei na parede da sala. Faz uns bons meses que migrei meu lugar de pensar pra uma varanda muito aconchegante, a qual lhe escrevo neste momento.
Como é estranho lembrar disso agora... No dia da mudança, em cima de uma escada, enquanto arrancava as letras adesivas da parede, contava a história do jovem poeta, o qual só conheci alma, há um casal, gay, que também já não é mais casal.
 Tenho plena consciência de minha culpa no nosso não estar. Também, após tantas despedidas a solitude me é confortável. Talvez esteja disfarçada de medo, este mesmo que me aprisionou em mim. Contudo me sinto leve, por saber, sentir, que era pra ter sido assim, a avaliar também seus conflitos... Eu precisei lhe deixar subir sem que para isto eu me tornasse um degrau. No entando, não me desculpo. Não por ser orgulhosa e sim por crer que não seja o caso. Porém lhe dedico... Esta carta, esta hora acordada e esta lembrança, ainda que tardia como a liberdade das minhas Minas Gerais!
 À todas as vezes que acariciamos um ao outro, às vezes que eu li as palavras mais belas ditas sobre mim. Adorava uma frase que me comparava a um paradoxo! Deve estar guardada em alguma pasta do pc... Por poder arrancar letras adesivas sem doer e ainda que eu seja este trator... Que só parou pra pensar nisso hoje, saiba é com muita paz que também te guardei! Às lembranças, o apartamento antigo, à parede... À você, A. A.

02:56 hrs

Rio de Janeiro, 07 de Janeiro de 2015

Cara srta. Leão,

 Uau... Olha, receber essa mensagem logo pela manhã, e de alguem tão especial, foi difícil processar a situação... Sei que a forma que nos despedimos não foi a mais cordial de todas, mas não há culpa ou qualquer sentimento semelhante. Somos o que somos, e isso que te torna tão especial, inclusive.
 A formiguense mais tempestuosa que tive o imenso prazer em conhecer, a que tem o ar inocente mais indecente, minha primeira fã, rs.
 Não julgue pelo curto tempo ou pelas discordâncias, porque você ganhou um espaço cativo em mim. A distancia não é nada quando o que se vê é o que mais importa: a alma. Palavras faltam para descrever o que me vem à cabeça ao falar de nós. Normal. É isso que você provoca. Intensidade irradiante. Não guarde do mundo esta energia boa que emana... Seja Leão, seja sempre louca por conseqüência e imortal por predestinação. Sim, a musa e síntese da minha frase. Ela não foi arrancada da parede, e nem pode ser fixada em canto algum. Ela vive, ela anda, ela se chama você.


Grato, ad aeternum,

A.A.
09:54 hrs

E assim a vida segue... Na base da cordialidade!